sexta-feira, 4 de março de 2011

Sutilezas dos Designios

                                                 
Se for contabilizar a vida me foi a melhor escola, vivenciei de tudo, dor e alegria, fúria e paz, vitorias e derrotas. Hoje em dia tenho a certeza que Deus vinha me moldando me fortalecendo e preparando para algo.

Mas somos humanos e demoramos para entender seus desígnios, é muito difícil aceita-los, cresci com um Pai que não deixava faltar nada em casa, com excessão de carinho e atenção, que por alguma razão era direcionado apenas para meus outros irmãos.

Comecei a trabalhar aos 14 anos, como office boy, só para ter  meu proprio dinheiro, meu pai odiou isso, dizia que não era preciso. Lembro-me que ele deixava algum dinheiro no balcão da cozinha para eu sair com os amigos, eu nunca pegava.

Eu e meu pai eramos totalmente opostos eu Flamengo ele vasco, ele de Direita eu de extrema esquerda, não conseguíamos assistir um tele jornal, sem discutir sobre qualquer tema apresentado.
Muitos anos mais tarde vim a saber que ele achava que eu fosse gay, por estudar demais ouvir musica e escrever poesia.

Em um verão memorável ficamos no Camping da Assembleia Legislativa de SC onde meu pai era o diretor, foi incrível. Eu gostava de jogar futebol e meu pai organizava umas competições entre os campings da região, jogamos então uma partida contra o Camping da policia militar.
Eu era magro, leve e ágil, os caras do outro lado grande e pesados, vantagem para mim, ganhamos a partida, mas a alegria não durou muito.

Os velhos começaram a beber e meu pai vangloriava-se da vitoria, quando um PM disse que eu só consegui jogar porque eles pegaram leve comigo, meu pai então acertou uma revanche para semana seguinte apostando um engradado de cerveja como não conseguiam quebrar minha perna.
Não me recordo bem, mas parece que não fazia nem um ano que eu tinha feito 2 cirurgias de uma ulcera e uma hernia no duodeno.

Durante aquela longa semana pensei muito na dor que seria ter a perna quebrada e o que poderia fazer para não chegar ao jogo. Enquanto isso ouvia meu pai conversando com meu tio. qual seria minha carreira no futebol, por onde começaria em que times jogaria.

Ei pera lá e eu não palpito nada no meu futuro, e sera que vou ter carreira ja começando com a perna quebrada, e o pior futebol era lazer para mim não uma profissão.

No dia do jogo estava muito nervoso , via os jogadores rivais e pensava quem seria o felizardo que ganharia as cervejas. Os primeiros minutos do jogo me mantive apático, recuado não ficando muito tempo com a bola nos pés, até que recebi um passe e só tinha um zagueiro gordo entre mim e o goleiro, parti para cima driblei e chutei para o gol, e nesse exato momento pisei de ma jeito no chão deslocando algo na perna.

A perna começou a inchar e a doer muito, lá fui eu para o Hospital e fiquei engessado quase o restante do verão.

Culpei muito meu pai, mas na realidade do jeito dele ele queria me fortalecer me guiar e de certa forma ele conseguiu, hoje amo minha filhas e quero facilitar a vida delas ao maximo.